Algumas pessoas gostam de filosofar sobre o envelhecimento. Outras desculpam certas ações devido à idade. Algumas se tornam sábias, outras amargas. Para mim, contemplar isso é como ver um ponto final. Tenho pânico e TOC; se eu parar para pensar, não vou parar. Então, decidi não me aprofundar, apenas viver. Quando as limitações da idade me encontram, com dores e outros sintomas, eu me distraio, lembrando de algo hilariamente relacionado a isso.
De manhã cedo, depois de uma boa dose de cafeína, estou pronta para pedalar. Começo. Hoje foram apenas 20 minutos, mas como uma perfeita obsessiva-compulsiva, fiz mais 20 para queimar 100 calorias. Depois, mais 2 milhas, chegando a 10, e assim por diante até cerca de 50 minutos. Então, é hora de alongar. Fecho os olhos e viajo, fazendo exercícios que detesto. Mas a sensação de ter completado uma jornada pessoal é incomparável.
Penso em fazer compras e pintar. Uau, o calor é insuportável. Depois de carregar uma tonelada de mantimentos do carro para dentro de casa, posso dizer que estou exausta. Pronta para resolver problemas ao telefone. De um lado da linha, eu com meu forte sotaque; do outro, um sotaque ainda mais carregado.
Terminado. Só como porcarias, mas conto as calorias. Os shakes, cheios de vitaminas e proteínas, esperam impacientemente na geladeira. Logo, talvez.
O sono vem, mas ainda não são 18h. Então, faço algo útil: leio, escrevo. Meus pets me chamam para o momento preguiçoso deles, e tenho que admitir que sempre fui uma pessoa caseira. Meu superego malicioso sussurra no meu ouvido: “Viu? Você poderia ter produzido mais.” Além de sentir que deveria fazer mais, ouço vozes imaginárias. E nem sou esquizofrênica. Mas elas me dizem: “Talento não vale nada quando você faz pouco. Você comeu errado, como espera melhorar sua saúde? Bom nunca é o suficiente.”
Estou cansada. Vou ouvir música relaxante e meditar. Talvez, nesse momento de tranquilidade, eu encontre um pouco de paz. E quem sabe, ao final do dia, eu consiga apenas ser gentil comigo mesma, aceitando que fiz o meu melhor hoje.
Rita Barbano
Imagem: Arte de autoria de Rita Barbano