Apadrinhamento afetivo de pessoas na terceira idade: laços que transformam vidas
Envelhecer com dignidade, cercado de amor, acolhimento, carinho e solidariedade é um direito de todos. No entanto, muitas pessoas idosas enfrentam a solidão e o abandono, especialmente aquelas que vivem em instituições de longa permanência. Para amenizar essa realidade, surge uma proposta repleta de empatia: o apadrinhamento afetivo de pessoas na terceira idade.
Essa prática pode beneficiar tanto quem apadrinha quanto quem é apadrinhado. Vamos trazer dicas reais, experiências inspiradoras e caminhos possíveis para quem deseja se envolver com essa forma de cuidado e conexão humana. Prepare-se para conhecer uma forma de doar tempo e afeto que transforma.
O que é o apadrinhamento afetivo na terceira idade
O apadrinhamento afetivo é uma ação voluntária que visa criar vínculos emocionais entre pessoas idosas — geralmente residentes em abrigos ou casas de repouso — e voluntários dispostos a oferecer atenção, companhia e amizade. Ao contrário da adoção formal, o foco está no afeto, na escuta e no tempo de qualidade compartilhado.
Muitos idosos institucionalizados têm vínculos familiares fragilizados ou inexistentes. Nesses casos, a presença de um padrinho ou madrinha afetiva pode preencher um vazio, proporcionando o tão necessário acolhimento e carinho. Com a solidariedade de pessoas dispostas a ouvir e estar presentes, esse relacionamento se torna um verdadeiro bálsamo emocional.
Esse tipo de vínculo não substitui relações familiares, mas cria novas formas de pertencimento e convivência, dando novo significado à velhice.
Benefícios mútuos do apadrinhamento afetivo
Ao contrário do que muitos pensam, o apadrinhamento afetivo não beneficia apenas o idoso. Quem apadrinha também experimenta crescimento pessoal, sensibilidade e um novo olhar sobre a vida. Veja a seguir alguns dos principais benefícios:
Para a pessoa idosa:
- Redução da solidão e do isolamento;
- Melhora do humor e da autoestima;
- Estímulo à memória e à comunicação;
- Sensação de pertencimento e valorização.
Para o padrinho ou madrinha:
- Enriquecimento emocional e aprendizado intergeracional;
- Desenvolvimento da empatia e da escuta ativa;
- Experiência de afeto genuíno e trocas significativas;
- Participação ativa em uma rede de acolhimento.
A prática do apadrinhamento é, portanto, uma via de mão dupla, onde carinho e solidariedade se cruzam para beneficiar todos os envolvidos.
Como começar a apadrinhar uma pessoa idosa
Você se sentiu tocado pela ideia e quer saber como participar? A boa notícia é que há várias formas de iniciar essa jornada, e muitas delas são simples e acessíveis. Aqui estão alguns passos práticos:
Procure instituições de longa permanência
Pesquise casas de repouso e abrigos na sua cidade. Muitas instituições mantêm programas de voluntariado e estão abertas a novas formas de interação. Converse com a direção, entenda as regras e o perfil dos idosos acolhidos.
Avalie sua disponibilidade e motivação
Apadrinhar afetivamente alguém exige constância e compromisso afetivo. Não é necessário estar presente todos os dias, mas sim garantir uma presença confiável. Avalie o quanto você pode se envolver e de que forma pretende contribuir: visitas semanais, chamadas de vídeo, cartas, atividades em conjunto…
Respeite o tempo e os limites do outro
A construção de vínculos leva tempo. Cada pessoa idosa tem sua história e suas experiências, e é fundamental respeitar seus ritmos. O acolhimento começa com a escuta e a paciência.
Busque capacitação, se possível
Algumas ONGs e universidades oferecem cursos ou oficinas sobre envelhecimento ativo, saúde do idoso e relações intergeracionais. Essas formações podem ajudar a lidar com desafios e tornar a experiência mais rica.

Solidariedade em ação: histórias que inspiram
Diversas experiências mostram como o apadrinhamento afetivo pode mudar vidas. Em Curitiba, por exemplo, o projeto “Afetos da Maturidade” conectou voluntários a idosos institucionalizados, promovendo encontros semanais e passeios culturais. Uma das madrinhas, dona Marisa, relata: “Achei que iria ajudar, mas quem foi curada fui eu. Hoje tenho uma avó do coração.”
Em São Paulo, a iniciativa “Laços de Afeto” aproxima estudantes universitários de idosos em asilos públicos. A troca vai além do simples convívio: surgem amizades verdadeiras, incentivo à autonomia e até reencontros familiares mediados por padrinhos afetivos.
Esses exemplos mostram como o carinho e o acolhimento criam redes de solidariedade reais, que vão muito além do voluntariado pontual. Trata-se de criar relações duradouras e transformadoras.
Onde encontrar projetos de apadrinhamento afetivo
Se você quer participar de um projeto já estruturado, há boas opções em várias regiões do Brasil. Algumas iniciativas incluem:
- Projeto Intergerações
- Instituto Velho Amigo
- Projeto Laços da Vida – MG
- Voluntariado da Pastoral da Pessoa Idosa (vinculado à CNBB)
Além disso, muitas casas de repouso têm programas próprios ou recebem voluntários interessados. Vale ligar, agendar uma visita e se apresentar com abertura e respeito.
Dicas para cultivar um vínculo afetivo duradouro
Criar uma conexão afetiva verdadeira exige mais do que boa intenção. É preciso atenção, tempo e, principalmente, escuta ativa. Veja algumas dicas práticas:
- Seja pontual e constante nas visitas ou ligações.
- Demonstre interesse pelas histórias e vivências da pessoa idosa.
- Leve fotos, músicas ou objetos que estimulem a memória afetiva.
- Proponha atividades simples, como caminhadas, leitura, jogos.
- Respeite o espaço e o tempo do outro — às vezes, o silêncio também é acolhedor.
Com essas atitudes, o apadrinhamento vai além da presença física e se torna um verdadeiro gesto de carinho e solidariedade.
O papel da sociedade no acolhimento afetivo dos idosos
Para que o apadrinhamento afetivo seja uma prática amplamente difundida, é essencial que a sociedade reconheça o valor da terceira idade. Políticas públicas de apoio, campanhas de sensibilização e formação de redes solidárias são fundamentais.
Além disso, a mídia e as instituições educacionais podem ajudar a construir uma imagem mais positiva do envelhecimento. Mostrar que carinho, solidariedade e acolhimento não têm idade fortalece o senso coletivo de responsabilidade.
Como envolver a família no apadrinhamento
Se você tem filhos ou netos, essa é uma oportunidade rica de ensinar pelo exemplo. Envolver a família nesse tipo de atividade ajuda a cultivar empatia desde cedo. Crianças que convivem com idosos desenvolvem respeito, afeto e uma visão mais humana da velhice.
Convide seus familiares a participar de uma visita, preparar um presente juntos ou escrever cartas. Esses momentos compartilhados fortalecem os laços entre gerações e criam memórias preciosas.
Cada gesto de afeto conta
O apadrinhamento afetivo na terceira idade é mais do que uma ação voluntária — é uma escolha de vida baseada no amor ao próximo. Em um mundo cada vez mais individualista, gestos de acolhimento, carinho e solidariedade ganham ainda mais valor.
A velhice pode e deve ser vivida com dignidade, alegria e sentido. E nós, como sociedade, temos o poder de contribuir para isso. Uma visita, uma conversa, um abraço: tudo isso pode ser o começo de uma linda amizade.
FAQ – Perguntas Frequentes sobre Apadrinhamento Afetivo de Idosos
- Qual a diferença entre apadrinhamento afetivo e adoção? O apadrinhamento é um vínculo emocional e voluntário, sem obrigações legais ou financeiras. Já a adoção envolve responsabilidades jurídicas permanentes.
- Qual é o perfil ideal para um padrinho ou madrinha afetiva? Pessoas empáticas, com tempo disponível, escuta ativa e desejo sincero de se conectar com o outro.
- Existe alguma exigência formal para participar? Depende da instituição. Algumas pedem entrevistas ou treinamentos básicos. Outras exigem apenas compromisso afetivo e responsabilidade.
- Posso apadrinhar mais de um idoso? Sim, desde que haja disponibilidade e que a qualidade do vínculo não seja prejudicada.
- É possível fazer apadrinhamento afetivo à distância? Sim, com o uso de cartas, chamadas de vídeo, mensagens e envio de presentes. O importante é manter a constância e o vínculo.
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Você já participou de algum projeto de apadrinhamento afetivo? Conhece alguma história inspiradora nesse tema? Compartilhe nos comentários! Sua experiência pode motivar outras pessoas a entrarem nessa corrente do bem.
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